Em 2004, foi instituída a Política Nacional de Atenção à Saúde Auditiva pelo Ministério da Saúde, tendo como um dos objetivos principais garantir à pessoa portadora de deficiência auditiva o melhor uso possível do seu resíduo auditivo. Para tal, é exigida a formação de uma equipe multiprofissional composta por médico, fonoaudiólogo, psicólogo e assistente social, que será responsável por prestar assistência especializada às pessoas com doenças otológicas e às pessoas com deficiência auditiva.
A inserção do psicólogo na Otorrinolaringologia se dá nesse contexto político e abre a possibilidade de um trabalho que possa trazer à tona a singularidade do paciente surdo, sem reduzi-lo a uma deficiência. Isso permite fugir da visão “psicologizante” da surdez, ou seja, pensá-la como uma síndrome que acarreta a todos os pacientes a mesma dificuldade.
A experiência de ser ou tornar-se surdo, assim como a de ter um filho surdo envolve aspectos psíquicos que existem em todos os seres humanos, mas a maneira como é experienciada por cada um é particular, sendo necessário estar atento à forma como o paciente vivencia a surdez e como lida com ela. A partir dessa perspectiva, os atendimentos psicológicos visam trazer à tona as expectativas desses pacientes em relação aos atendimentos médicos, ao uso de aparelhos auditivos ou à realização do Implante Coclear a fim de que eles se responsabilizem sobre o que é preciso fazer para que, de fato, possa acontecer o que eles almejam.
Marilia Leão
Psicóloga – Coordenadora da Unidade de Psicologia do Serviço de Saúde Auditiva do Hospital São José – Otocenter