Saúde Auditiva em Sergipe – Entrevista

18 de julho de 2013

SettonPor: Dr. Roberto Setton (Otorrinolaringologista, Coordenador do Programa de Saúde de Saúde Auditiva do Hospital São José. Aracaju-Sergipe).

Entrevista sobre Surdez em Sergipe

 

Como acontece?

Existem 02 tipos principais de problemas auditivos: aqueles que acontecem na orelha externa e media que normalmente são reversíveis e são chamados de surdez de transmissão e aqueles que acometem a orelha interna, são irreversíveis, chamados de sensorioneurais e necessitam do uso de aparelhos auditivos convencionais ou de tratamento cirúrgico (Implante Coclear).

Existem casos genéticos?

Aproximadamente uma a cada mil crianças apresentam deficiência auditiva grave ou profunda ao nascimento ou até mesmo antes da aquisição da linguagem e em 60% dos casos a etiologia é genética.

Quais as idades mais acometidas?

Todas as idades são contempladas, entretanto, o envelhecimento das células da orelha interna que acontece com a idade colabora para diminuição da capacidade de compreensão das palavras o que chamamos de presbiacusia. Deste modo com o aumento da expectativa de vida observa-se uma grande incidência de deficiência auditiva na 3ª idade.

Quais os motivos?

As causas são as mais variadas, dentre elas podemos citar as causas genéticas, as doenças infecciosas do período gestacional tais como a rubéola congênita, a toxoplasmose, a citomegalovirose entre outras. As doenças infecciosas pós-natais tais como o sarampo e a meningite. O uso de medicamentos ototóxicos, os traumatismos cranioencefálicos, a poluição sonora, as infecções crônicas dos ouvidos (purgação) e do próprio processo de envelhecimento da orelha interna.

Sintomas?

São sinais de alerta: a aparente falta de atenção ao ser chamado, assistir TV e escutar rádio em alto volume, queixa de zumbido, escutar e não entender, mau rendimento escolar, atraso no desenvolvimento da fala, escorrimento dos ouvidos e outros.

Como prevenir?

Realizar o teste da orelhinha logo ao nascer, fugir de lugares barulhentos, evitar o uso de medicamento sem orientação médica, cumprir corretamente o calendário vacinal e evitar colocar objetos no interior das orelhas. Procurar um otorrinolaringologista diante dos primeiros sinais de deficiência auditiva tais como zumbido, diminuição da audição, dificuldade de aprendizado e atraso no desenvolvimento da fala ou de sinais de otorréia (escorrimento dos ouvidos).

Diagnóstico?

Através dos métodos de avaliação da audição que devem ser realizados nos primeiros dias de vida através do teste da orelhinha detectando precocemente a deficiência auditiva nos recém-nascidos e também através de outros métodos de avaliação auditiva como as audiometrias, o PEATE e outros que a situação exija.

Tratamento?

O tratamento pode ser medicamentoso, cirúrgico ou mesmo através do uso de próteses auditivas que variam desde os aparelhos auditivos convencionais até mesmo os implantes cocleares também chamados de “ouvido biônico” (os quais já são realizados com absoluto sucesso através da rede privada de saúde e encontram-se em via de aprovação pelo ministério da saúde para ser realizado no nosso estado também pelo SUS).

E dados da perda auditiva no Estado?

O censo 2010, 9,7 milhões de brasileiros sofre de surdez (desde o grau leve até o profundo), isto corresponde a 5,1% da população brasileira. Em Sergipe somos cerca de 110.000 pessoas com deficiência auditiva, aproximadamente 2% da população do estado.

Dr. Roberto Setton

 Diretor-Clínico do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital São José – Otocenter

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